domingo, novembro 20, 2016

Lisboa, cidade fechada - 18ª parte

Dado que nem as obras são concluídas, inclusivé na gestão de estacionamento, da responsabilidade da EMEL, que não exerce a fiscalização, com a chegada do tempo de chuva a ânsia de estacionar ou parar o mais perto possível do local pretendido agrava sucessivamente não apenas o problema do estacionamento, mas degrada os passeios, cuja construção não prevê o peso de uma viatura, muitas vezes um camião carregado com material para uma das inúmeras obras que decorrem no bairro.

A multiplicação de obras em habitações aumenta os problemas, seja pelo ruído e pelas poeiras, seja pelo conjunto de lugares destinados a estacionamento ocupados por contentores de entulho e veículos de transporte de materiais e pessoal, seja mesmo pela interrupção das estreitas vias durante operações de carga e descarga, verificando-se muitas vezes uma completa indiferença pelas mais elementares regras de convivência com os moradores.

Acresce o facto de muitas destas obras de remodelação terem como objectivo a conversão de residências familiares em alojamento local, com a consequente saída de residentes, muitos dos quais se estabeleceram no bairro há largas décadas, e a chegada de turistas ou habitantes temporários, descaracterizando o que sempre foi um espaço residencial com características muito particulares, que se aproximam muito das de uma aldeia no centro da cidade.

A avalanche de obras em residências, sendo possível encontrar meia dúzia em poucas dezenas de metros, que tem tido sempre como consequência a saída de residentes antigos, espelha muito do que se passa em Lisboa, sobretudo em zonas centrais, numa cidade que expulsa os seus habitantes para dar lugar um um conjunto de actividades económicas relacionadas com o turismo que afecta as populações locais, inflacionando o custo de vida, comprometendo o sossego e dificultando a mobilidade, numa evolução que compromete um futuro sustentável.

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