segunda-feira, agosto 22, 2016

O mito do ordenamento - 2ª parte

Assim, será de propor que se realize uma conferência alargada a especialistas nas diversas áreas, onde estes apresentem as respectivas visões e a forma como prevêm a evolução dos sectores que melhor dominam, contribuindo assim para a elaboração de um cenário mais global, onde se avalie a interacção sectorial e se estabeleçam cenários que possam ser analizados.

Será em iniciativas deste tipo que consideramos ser essencial a intervenção da Presidência da República, como orgão de soberania independente e apartidário, capaz de gerar consensos e mobilizar não apenas um conjunto mais restrito de intervenientes altamentes especializados, mas a sociedade em geral, como factor essencial para a aceitação e prossecução de objectivos de longo prazo que ultrapassam em muito uma simples legislatura, limite temporal que determina muitas acções.

Numa visão que se pretente ir muito para além de uma ou duas legislaturas, que terá, quase inevitavelmente, que ser aceite e gerida operacionalmente por quem legitimamente tem ideias e visões distintas, a necessidade de consenso e legitimação no médio e longo prazo implica uma abordagem diferenciadora e inovadora, capaz de comprometer a todos em termos de estratégia.

Sem comprometer ou sequestrar a capacidade de decisão de gerações futuras, o recurso a uma consulta popular, como forma de legitimar uma estratégia, eventualmente optando entre diversas propostas fundamentadas, que descrevam diferentes modelos de desenvolvimento, todos numa perspectiva de médio e longo prazo, não parece fora de lugar, prevenindo, na medida do possível, derivas que excedam as necessárias correcções de rumo que, num período de décadas, será inevitável.

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