segunda-feira, novembro 23, 2015

Nova vaga de suicídios em forças de segurança? - 3ª parte

O desenraizamento, com a colocação em locais distantes do de origem, onde, muitas vezes, o custo de vida é bastante mais elevado, como no caso das grandes cidades, para além do desgaste proveniente do isolamento e, por vezes, de alguma desadaptação, traduz-se num aumento de custos, que facilmente ultrapassam os limites do aceitável, comprometendo o equilíbrio financeiro e conferindo um sentido de inutilidade ao esforço realizado.

Quando estes destacamentos de longa duração resultam numa fragmentação familiar, e nesse caso a pressão financeira pode aumentar substancialmente, dados os custos inerentes a dois locais distintos e a viagens, tudo se torna mais pesado, com a possibilidade de rupturas, nos campos pessoais e profissionais, a aumentarem, implicando uma muito menor tranquilidade e aumentando os níveis de frustração.

A complexidade e especificidade do trabalho policial, sobretudo quando efectuado por turnos em horários especialmente longos, decorrendo em locais desconhecidos e adversos, onde a imprevisibilidade e a expectativa são constantes, interagindo com vítimas e algozes em cenários de violência, são conhecidos, mesmo que muitas vezes sub-avaliados quanto aos efeitos que podem provocar em que diariamente se defronta com esta multiplicidade de situações.

Lidar diariamente com situações de violência, mesmo quando esta não é intencional, como no caso dos acidentes, e com casos de morte com frequência, não gera habituação, apenas uma forma diferente de encarar algo que, na sua completa amplitude, continua a ser perturbador e incompreensível, gerando uma permanente inquietação, mesmo que esta não seja confessada.

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