quinta-feira, outubro 04, 2012

"Fase Charlie" termina com números trágicos - 4ª parte

Image Hosted by Google Um incêndio florestal em Portugal

Nesta Fase, que decorre até ao final de Outubro, o restante dispositivo passa a incluir um total de 5.363 elementos apoiados por 1.289 veículos, para além dos meios aéreos já mencionados, sendo que a capacidade operacional depende em muito da disponibilidade e operacionalidade do efectivos e não apenas dos números, que, mesmo representando uma redução relativamente à fase anterior, não deixam de ser significativos.

O ano de 2012 tem-se revelado trágico, quer pelo número de mortes, quer pela extensa área ardida, que supera em muito a de anos anteriores, com os fogos, em média, a consumir áreas mais vastas do que se verificara nos tempos mais recentes, pelo que deve haver uma averiguação independente do que está por detrás destes números.

Sabemos que as condições climáticas ou a regeneração de zonas queimadas em anos anteriores tem um impacto significativo, mas tal não pode ser considerado como uma justificação cabal para o aumento da área ardida, que mais que duplicou desde o ano passado, sobretudo depois dos problemas evidentes na coordenação das operações no Algarve e de alturas em que o dispositivo demonstrava um maior desgaste, do que resulta uma menos eficácia e um muito maior risco no combate.

Também será, para além da vertente operacional, de analizar situações conjunturais e causas estruturais, que, sem dúvida, criaram cenários de autêntico terror, entre zonas de mato sem limpeza, caminhos intransitáveis, pontos de abastecimento secos, e tantos outros que colocam em grande perigo quem participa nas operações de combate aos fogos, sobretudo em terra.

quarta-feira, outubro 03, 2012

"Fase Charlie" termina com números trágicos - 3ª parte

Image Hosted by Google Um helicóptero Kamov Ka-32 acidentado

Com os meios aéreos a ganhar cada vez maior preponderância, em muitos casos assistindo-se a proporções inéditas, onde 4 aeronave apoiam operações que não atingem os 100 efectivos em terra, compreende-se o enorme esforço e desgaste a que estes foram submetidos, bem como a necessidade de uma maior manutenção.

O ano também fica marcado pelo acidente, no início de Setembro, de um helicóptero Kamov Ka-32, pertencente à Empresa de Meios Aéreos (EMA), durante o combate a um incêndio no concelho de Ourém, de que resultaram dois feridos ligeiros e cuja investigação resultou na suspensão das operações com este modelo de aeronave.

Como resultado das investigações deste acidente, a empresa responsável pela manutenção dos Ka-32 solicitou que as três unidades ainda operacionais suspendessem imediatamente todas as operações de voo, privando assim a EMA dos seus principais meios de combate aos fogos.

Sem os Ka-32, e desde o dia 21 de Setembro, o combate por via aéreoa aos fogos florestais passou a ser realizado por um total de 38 meios aéreos, dos quais apenas três pertencem à EMA, sendo o restantes alugados a diversas empresas e que serão reduzido para 22 durante a "Fase Delta" e até 15 de Outubro.

terça-feira, outubro 02, 2012

"Fase Charlie" termina com números trágicos - 2ª parte

Image Hosted by Google Um incêndio florestal em Portugal

Só o maior incêndio deste ano, que ocorreu em Julho, na Serra do Caldeirão, no Algarve, e devastou os concelhos de Tavira e São Brás de Alportel, destruiu 21.437 hectares, o que corresponde aproximadamente a 22% da área ardida este ano e teve um impacto extremamente negativo no ecosistema e economia algarvias.

Foi, aliás, este incêndio de grandes proporções e que se prolongou vários dias que resultou não apenas em críticas ao modo como decorreram as operações no terreno e a sua coordenação nos vários níveis de comando que levaram o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, a solicitar um relatório à ANPC, após esta ter reconhecido falhas na coordenação ou no comando.

O mesmo ministro, após ter recebido o relatório da ANPC, solicitou uma investigação independente, a qual foi entregue ao professor da Universidade de Coimbra, Domingos Xavier Viegas, considerado como a maior autoridade nacional nesta matéria e que estuda o fogo desde há muito.

A questão do número e tipo de meios envolvidos, bem como a sua coordenação, surgiu igualmente noutros incêndios de grandes proporções, tendo sido necessário solicitar apoio externo através do Mecanismo Europeu de Protecção Civil, do que resultou o envio de dois Canadair franceses e dois espanhóis que reforçaram o dispositivo nacional.

segunda-feira, outubro 01, 2012

"Fase Charlie" termina com números trágicos - 1ª parte

Image Hosted by Google Um incêndio florestal em Portugal

Terminou no final de Setembro a "Fase Charlie", a mais crítica do combate aos fogos florestais, com os números mais trágicos dos últimos anos, que incluem seis mortes, entre eles quatro bombeiros, um elemento do Grupo de Intervenção Protecção e Socorro da Guarda Nacional Republicana (GNR) e um civil, e perto de 100.000 hectares de área ardida.

Nesta fase, iniciada a 01 de Julho, estiveram mobilizados 9.324 efectivos, 1.982 viaturas e 44 meios aéreos, tendo participado forças tão diversas como as corporações de bombeiros, GNR, Polícia de Segurança Pública, Força Especial de Bombeiros, conhecidos por "Canarinhos", dependentes da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e sapadores florestais do Agrupamento de Empresas para a Protecção Contra Incêndios (AFOCELCA).

Segundo os dados provisórios do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), arderam até 15 de Setembro 98.698 hectares, correspondendo a um aumento de mais de 130% relativamente aos 42.756 hectares do ano anterior, e foram registadas 19.571 ocorrências, contra os 15.730 fogos no mesmo período de 2011.

Verifica-se, portanto, que, em termos médios, cada ocorrência resultou numa muito maior área ardida relativamente ao ano anterior, facto que necessita de ser analizado, pois pode resultar de factores tão diversos como questões climáticas a uma primeira intervenção menos eficaz, passando por escassez de meios ou maiores dificuldades de acesso.