sábado, fevereiro 02, 2008

VMER dependem de disponibilidade de pessoal hospitalar


Image Hosted by ImageShack
Uma VMER do INEM estacionada

Apesar de inúmeras vezes repetida pelo anterior Ministro da Saúde, a existência de 38 Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) em território continental não significa que este efectivo esteja permanentemente disponível e pronto para efectuar missões de socorro urgentes.

A morte de uma paciente no distrito de Bragança ocorrida na 2ª feira passada levantou, mais uma vez, esta questão que cria uma ilusão de falsa segurança, pensando que pode ser socorrido por um meio que, afinal, pode não estar disponível.

A operacionalidade das VMER depende da disponibilidade de médicos e enfermeiros dos hospitais onde estão baseadas, dado não terem um quadro de pessoal próprio, independente de qualquer unidade de saúde, pelo que poderão estar fora de serviço em períodos de algumas horas durante vários dias por semana.

O facto de serem profissionais de saúde que, fora dos seus horários normais de trabalho, tripulam as VMER tem óbvias consequências na eficácia do socorro, sobretudo nos distritos do Interior e nas zonas onde foram encerrados serviços de atendimento permanentes (SAP) ou valências em unidades de saúde.

Desta falta de recursos humanos resulta que, por exemplo, a VMER sedeada no Hospital de Chaves, está inoperacional às quartas e sextas-feiras de manhã, tendo o socorro, independentemente da gravidade, ser realizado por outros meios, que poderão ser inadequados, colocando em risco os habitantes da zona transmontana.

Se atentarmos ao facto de terem sido encerrados serviços no próprio Hospital de Chaves, que obriga a transferências para Vila Real, a indisponibilidade da VMER poderá ter consequências graves, pois os meios de que dispoem os bombeiros nem sempre são os mais adequados ao socorro, sobretudo se é necessária, por exemplo, a presença de um médico ou de equipamento de reanimação.

Este tipo de situação, comum em muitos distritos, com especial incidência no Interior, traduz-se numa segurança ilusória dadas às populações, que presumem ter nas proximidades um meio de socorro que, afinal, poderá não estar disponível para ocorrer às situações mais graves.

Sem atribuir tripulações próprias às VMER, a capacidade operacional destas fica dependente da disponibilidade de pessoal médico e de enfermagem que as opera fora do seu horário de trabalho, diminuindo a sua capacidade e criando situações de potencial perigo, pelo que será da maior importância dotá-las de pessoal próprio, com treino cada vez mais específico e que tenham na área da emergência o essencial da sua formação.

Um dos meios mais importantes do sistema de socorro, sem dúvida o mais sofisticado, merece um tratamento diferente, que potencie o investimento realizado e dele extraia a máxima rentabilidade, mantendo as VMER sempre operacionais e disponíveis para intervir quando solicitadas.

Sem comentários: