sábado, setembro 01, 2007

Verão de 2007 tem sido o menos quente dos últimos 20 anos


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Imagem de satélite em 4 de Agosto de 2003

O Instituto de Meteorologia (IM) divulgou a informação de que este é o Verão menos quente dos últimos 20 anos e o mais chuvoso deste século.

Relativamente às temperaturas médias, o Verão de 2007 tem registado em Portugal continental temperaturas 0.5º abaixo do normal dos últimos 20 anos, mas, se entrarmos em conta apenas com os anos de 2001 e 2007, então a diferença das temperaturas médias é inferior em 1.9 graus.

Outra situação de excepção, é o facto de este Verão não se ter verificado nenhuma onda de calor, algo que já não acontecia desde 1997.

Mesmo tendo em conta que o Verão só termina a 21 de Setembro, pelas contas actuais a temperatura média é de 20.7º, enquanto a média entre 1971 e 2000 foi de 21.2º.

É igualmente importante lembrar que já foi este século que ocorreram quatro dos cinco verões com temperaturas médias mais elevadas, tendo em conta os valores desde que há registos climatológicos, com os valores médios mais elevado a registarem-se entre 2003 a 2006.

Por outro lado, segundo os dados do IM, este Verão pode ser considerado como chuvoso, apresentando valores de precipitação cerca de 50% acima da média.

Em particular, o mês de Junho deste ano, quando comparado com o mesmo mês de anos anteriores, foi o mais chuvoso dos últimos 20 anos e o 11º mês mais chuvoso desde 1931.

Estes dados, que vêm ao encontro de um sentir generalizado, confirmam a óbvia ligação entre a meteorologia e os incêndios florestais e vêm desmentir uma infeliz frase do ministro da Administração Interna que minimizou o efeito das condições climáticas no baixo número de ocorrências e de área ardida.

Já abordamos por várias vezes a importância de analisar objectivamente os dados e de cruzar os que são obtidos através do IM, referentes à meteorologia, e os que são transmitidos pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais e pela Protecção Civil quanto a ocorrências e área ardida, de modo a tirar as devidas elações.

Comentar com ligeireza a influência decisiva de factores que condicionam o número e a extensão dos incêndios, que se tornam incontroláveis quando, como na Grécia, se verifica uma confluência de condições, demonstra falta de conhecimento técnico ou, o que será mais grave, falta de verdade, sendo que, por uma razão ou por outra, devem ser tiradas as devidas consequências.

Google In Your Language


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Écran do Google Translate

Muitos dos produtos do Google, como o "site" principal, o Blogger, o Google Earth e muitos outros suportam mais de 170 línguas diferentes, muitas das quais faladas por um número restrito de pessoas.

A tradução para a maioria destas línguas é realizada por voluntários espalhados por todo o Mundo, que contribuem para a divulgação da sua própria língua enquanto ajudam milhões de utilizadores que assim deixam de enfrentar problemas de tradução.

Para dar consistência e organização a este trabalho de voluntariado, o foi criado o programa de tradução "Google In Your Language", que facilita a inscrição de voluntários e a coordenação deste enorme esforço conjunto.

Quem se inscrever pode aceder a este programa através da página "Language Tools" e depois escolhendo a ligação "Google in Your Language", dando assim início a um processo de verificação, após o que será oferecida uma lista de produtos para traduzir, que incluem o "site" principal, Gmail, iGoogle, Google Maps e muitos outros.

Apesar de cada trabalho de tradução não ser excessivo, acaba por corresponder a várias semanas se estivermos a falar de uma contribuição individual, sendo que, após uma percentagem significativa estar traduzida, esta é enviada para o departamento de produção e, em breve, estará disponível para utilização.

Esta é uma faceta pouco conhecida do Google que, pela sua importância, bem merece ser divulgada e apoiada, dado o contributo que é dado pelas linguagens nacionais na educação e na formação dos vários povos.

sexta-feira, agosto 31, 2007

EMA: Sustentabilidade de um operador de meios aéreos do Estado (1ª parte)


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Um dos Kamov que operam em Espanha

A questão do entendimento da sustentabiliade de Empresa de Meios Aéreos (EMA) tem levantado algumas questões sobre as quais a nossa posição nem sempre tem sido devidamente esclarecida.

A opção por uma estructura empresarial tem, obviamente, vantagens, mas obriga a uma gestão que se enquadre dentro de uma perspectiva diferente de um simples organismo do Estado cuja dotação orçamental provém directamente do ministério da tutela segundo critérios por ele estabelecidos.

O Estado poderia ter optado por atribuir os meios aéreos a serviços específicos, como forma de dotação, tal como acontece com os meios normalmente distribuidos, por exemplo, às forças de segurança, sendo que o tipo de gestão e a forma de atribuição de verbas obedeceria aos processos e métodos comuns para os organismos públicos.

No caso concreto da EMA, sendo uma empresa que tem como objectivo a prestação de um conjunto de serviços, a sua sustentabilidade deverá provir da sua actividade, cobrando a organismos públicos e privados os montantes acordados de acordo com os contratos estabelecidos e actuando no mercado de forma concorrencial.

Assim, sendo objecto principal a prestação de serviços na área da Protecção Civil, espera-se que a EMA contractualize com as entidades que operam neste sector, um determinado valor pela prestação de serviços que não deverá ser superior ao que seria praticado por uma outra empresa que com ela concorresse em pé de igualdade.

É, pois, a nossa perspectiva que seja no combate aos incêndios florestais, seja na evacuação de vítimas, busca e salvamento, patrulhamento ou outras actividades, a contratualizar com os diversos ministérios que delas necessitam, que virá o grosso das receitas de que a empresa necessita.

De igual forma, havendo capacidades excedentária expectável em determinadas alturas do ano, a EMA poderia concorrer na prestação de serviços fora do âmbito do Estado, razão pela qual é dada importância à certificação dos Kamov Ka-32, contribuindo assim para a rentabilização de meios.

Incêndio na Serra da Boa Viagem


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Incêndio na Pampilhosa da Serra

O incêndio que começou pelas 17:19 numa floresta na serra da Boa Viagem, perto da Figueira da Foz, já está em rescaldo, segundo informação da Autoridade Nacional de Protecção Civil.

O fogo foi combatido por 108 bombeiros, provenientes de diversas corporações da Beira Litoral, apoiados por 27 viaturas e três meios aéreos, incluindo um hidroavião Canadair.

Este incêndio consumiu uma área de pinheiro bravo de regeneração com 13 anos de idade e não pôs em risco habitações.

Entretanto, no resto da Europa, com especial incidência na Grécia, que temos vindo a acompanhar, e, agora, em Espanha, os incêndios florestais continuam a ser preocupantes.

Na região de Valência, do lado oposto da Península Ibérica, um enorme incêndio que evolui em zonas acidentadas está a por em perigo habitações e uma reserva ecológica, continuando activo durante esta noite em que se registam temperaturas extremamente altas.

quinta-feira, agosto 30, 2007

MAI responde no Parlamento: alguém estuda os dossiers?


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Ministro Rui Pereira

Foi um desapontamento a ida do novo ministro da Administração Interna (MAI) ao Parlamento para discutir com a Comissão Eventual de Acompanhamento e Avaliação da Política Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios questões relacionadas com a aquisição de meios aéros para o combate aos incêndios florestais e a criação da empresa que os vai gerir.

Na ida ao Parlamento para responder às questões dos deputados sobre o combate aos incêndios, mais especificamente sobre a Empresa de Meios Aéreos e um conjunto de processos de aquisição de meios que levantam dúvidas, o ministro adoptou uma postura que variava entre a irritação e a imprecisão das respostas, aparentando uma falta de preparação técnica e um desconhecimento sobre processos que não acompanhou desde o seu início, mas também muito pouco espírito democrático.

Era inevitável que questões como a homologação dos Kamov ou os atrasos nas entregas fossem abordados, tendo as respostas sido tudo menos satisfatórias, com a confissão de que estes meios não seriam homologados, impedindo-os assim de prestar serviço fora da área do Estado, algo que sempre foi perspectivado, ou com a negação de qualquer atraso nas entregas, o que, pelo calendário contratado e pela existência de meios de substituição, sabemos ser falso.

Também o funcionamento da EMA, que sem a vertente comercial, que em muito dependia da homologação dos Kamov, a demissão do primeiro presidente da empresa, apenas dois meses depois de tomar posse, ou a sustentabilidade financeira da mesma, para além de respostas vagas, apenas pareciam aumentar a irritação do ministro que, genericamente, a nada respondia de forma concreta, precisa e esclarecedora.

Para além do desapontamento em termos técnicos, foi penoso assistir à postura de um governante que parece não entender a necessidade de prestar os devidos esclarecimentos a quem foi democraticamente eleito, nem o faz com o respeito que estes e os respectivos eleitores merecem, mas, por outro lado, a falta de preparação de alguns deputados, os mesmos que chamaram o ministro a prestar esclarecimentos, é de lamentar profundamente.

Entre as questões colocadas, a confusão entre o número e modelos dos aparelhos adquiridos, sobre questões díspares como a homologação europeia ou o tipo de uso possível, veio transformar um debate que poderia ter sido proveitoso e esclarecedor num verdadeiro caos, duvidando-se se entre os presentes alguém tinha estudado a fundo os "dossiers".

Se as resposta e a postura do titular do MAI foram negativas, é de lamentar que este seja chamado a responder e quem requisita a sua presença não se tenha preparado devidamente, estudado o assunto e recolhido as informações e os documentos necessários para sustentar as críticas que pretendia fazer.

Neste caso concreto, ambas as partes merecem, em termos genéricos, uma nota negativa não apenas do ponto de vista técnico, mas também do ponto de vista político, dada a falta de empenho que foi patente em muitos dos flagrantes erros cometidos.

quarta-feira, agosto 29, 2007

Circunscritos fogos florestais de Avis e de Odemira


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Um incêndio no Verão de 2005

Está circunscrito desde perto das 18:00 o incêndio florestal que esta tarde deflagrou na localidade de Monte do Cantarinho, no concelho de Avis, distrito de Portalegre.

Este incêndio mobilizou um total de 79 bombeiros e 23 viaturas.

Um outro incêndio, este em Vale Turis, no concelho de Odemira, distrito de Beja, começou pelas 17:00, e foi dado como circunscrito às 18:22, tendo sido combatido por 60 bombeiros, apoiados 15 viaturas e dois helicópteros.

Na sgunda-feira passada, a Autoridade Nacional de Protecção Civil registou um total de 45 ocorrências de fogo em floresta ou mato, as quais obrigaram a mobilizar um total de 694 bombeiros e 127 viaturas, valores que continuam a ser inferiores aos normais para esta época do ano.

Entretanto, o Canadair enviado para a Grécia e que sofrera uma avaria durante o trajecto, já chegou ao destino e está operacional para dar o seu contributo para controlar os incêndios que continuam a assolar o país.

Verbas diferenciadas para as corporações de bombeiros


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Mapa do IGEOE com área ardida na Guarda em 2005

O Governo vai deixar de entregar verbas idênticas às várias corporações de bombeiros, introduzindo critérios de diferenciação baseados em factores de risco e na caracterização do concelho em que se inserem e operam.

Vários factores, como áreas de actuação, população, riscos e o próprio historial de ocorrências e de intervenções serão alguns dos critérios a que o Ministério da Administração Interna (MAI) vai recorrer para determinar qual a verba que cada associação de bombeiros vai receber do Estado.

Pretende-se, desta forma, distribuir os recursos disponíveis com critérios mais seguros, reforçando quem responde a maior número de ocorrências e reduzindo os montantes com as corporações que demonstrem menor actividade.

As verbas provenientes do MAI serão baseadas nos serviços relativos à Protecção Civil, como o combate a incêndios, sendo que na vertente da prestação de serviços de saúde, estas serão disponibilizadas pelo Ministério da Saúde.

Complementarmente, as associações humanitárias poderão receber verbas através dos Governos Civis, das autarquias ou de formas de financiamento decididas pelos próprios, tal como previsto na legislação recentemente aprovada.

A diferenciação consta da legislação recentemente aprovada, mas a sua regulamentação, que dará origem aos instrumentos que traduzirão na práctica os critérios a aplicar e os valores a transferir, serão discutidos com os parceiros de forma a tentar alcançar uma base de entendimento.

A atribuição de verbas conforme as necessidades faz todo o sentido, dado que o desempenho das várias corporações varia substancialmente, mas a necessidade de critérios rigorosos e de evitar situações de colapso das associações localizadas nas zonas mais deprimidas do País devem ser devidamente equacionadas.

É necessário ter em atenção que, tal como sucede com a rede de serviços de urgência, várias corporações podem ter um volume de intervenções menor, mas necessitam igualmente de manter um nível de operacionalidade e de prontidão elevado, sobretudo porque muitas compensam o afastamento das populações de unidades de saúde de que estas necessitam.

Por outro lado, o critérios têm que ser realistas, precisos e com rigor científico, entrando em conta com todos os factores que determinam as necessidades das corporações, bem como toda a envolvente social, evitando a asfixia financeira daquelas que estão instaladas nas áreas mais pobres, com menos população e que, em teoria, terão menor actividade operacional.

Recentemente, aquando da selecção para efeitos de distribuição de "kits" de primeira intervenção para as freguesias, assistimos a situações dúbias, fruto de critérios incompreensíveis de cuja objectividade duvidamos, pelo que se teme que, num assunto desta importância, possamos, mais uma vez, defrontar-nos com processos de atribuição de fundos dos quais podem vir a resultar problemas graves para o socorro das populações.

Assim, para além da necessidade de discutir os critérios com os parceiros, é necessário que existam valores mínimos a atribuir a cada corporação, de modo a garantir a sua operacionalidade e a segurança das populações, dando especial atenção a áreas longe dos grandes centros urbanos ou onde os recursos sejam mais escassos.

terça-feira, agosto 28, 2007

Incêndio em Vila Velha de Rodão já está circunscrito


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Um Dromader PZL M 18 em acção

Já se encontra circunscrito o incêndio florestal que deflagrou às 17:26 de hoje em Vale do Homem, no concelho de Vila Velha de Ródão, distrito de Castelo Branco e motivou o corte da linha férrea da Beira Baixa.

O fogo ficou circunscrito às 18:56, tendo sido combatido por 77 bombeiros apoiados por 20 viaturas, dois helicópteros, quatro aerotanques ligeiros e um aerotanque pesado.

Domingo passado verificaram-se 45 ocorrências de fogo em floresta ou mato, tendo participado nas operações de combate 687 bombeiros e 173 viaturas.

Entertanto, infelizmente, o Canadair enviado por Portugal para apoiar o combate contra os incêndios na Grécia sofreu uma inesperada avaria durante o percurso, pelo que a sua entrada em acção sofreu um atraso.

A equipa enviada, que inclui um técnico da Protecção Civil e um elemento de ligação, já estão em solo grego e poderão contribuir para controlar uma situação que, mesmo com algumas melhorias, continua a ser desesperada e a provocar vítimas e destruição.

Lamentavelmente, as declarações do ministro grego que tutela o combate aos incêndios, numa atitude que é por demais conhecida, minimizou o que estava a acontecer dando a entender que a situação estava a ficar sob controle.

Mesmo com eleições na Grécia no mês que vem, estas declarações, por tão desajustadas da realidade, atingem proporções de verdadeiro insulto para com as vítimas dos incêndios, bem como para todos quantos continuam a lutar para os combater.

Espera-se que os reforços internacionais e as condições climáticas permitam um maior controle da situação nos próximos dois a três dias, mas pela frente fica um enorme trabalho de reconstrução que demorará anos e uma tragédia humana e ecológica que perdurará.

112 vai ter "call center" único e novas tecnologias


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Um médico numa central do INEM

As recentes queixas, nalguns casos confirmadas por auditorias, vão obrigar a modificar o sistema de atendimento de emergência associado ao número 112.

Situações recentes, como as falhas de que resultou uma triagem errada, a deficiente identificação do local e o accionamento de meios errado, do que resultou a morte de duas pessoas, pai e filho, bem como dificuldades de geolocalização das chamadas, entre outras, vão obrigar a rever todo o sistema de atendimento.

A repetição de problemas, que nem a implementação de redundância ou de novas funcionalidades em alguns sistemas conseguiram resolver, bem como a excessiva disseminação de meios já determinaram a instalação de um modelo novo, o qual já está contemplado no Orçamento Geral de Estado para 2008.

Entre os novos conceitos, encontra-se a concentração do atendimento num único "call center", em substituição dos actuais centros distritais geridos pela Polícia de Segurança Pública, uma geolocalização efectiva que nunca foi conseguida até hoje, dado que a actual continua em testes e sem resultados positivos ou a capacidade de atender pedidos em diversas línguas.

Desta forma, em vez de serem elementos com formação essencialmente policial a fazer a triagem e o encaminhamento de chamadas, no mesmo espaço estariam presentes elementos ligados às várias áreas do socorro, o que permitiria um atendimento mais rápido e eficaz.

Também a existência de uma rede única de emergência, com redundâncias, é mais eficaz do que ter chamadas encaminhadas e às vezes perdidas entre sistemas complementares, em alguns casos dependentes de diferentes operadores, e cuja interligação nem sempre é a mais adequada.

A multiplicidade de centrais e de redes tem, ainda, o inconveniente de dificultar o tratamento estatístico da informação e de averiguar a eficácia da resposta de um sistema que só se sabe que falha quando existem consequências graves.

No entanto, outras tecnologias têm que ser contempladas, como os sistemas de alarme automáticos que podem ser originados em veículos acidentados, que têm que ser recebidas e interpretadas, ou a ligação a diversos sistemas de alerta onde a presença humana activa pode não existir.

Neste aspecto, lembramos o sistema de alarme com GPS e envio de posição via SMS que descrevemos num texto anterior e que poderá estar ligado, por exemplo, ao sistema de "airbags" do veículo, de modo a que seja activado imediatamente em caso de acidente grave, mas será de prever que este tipo de tecnologia, em breve, comece a ser implementada pelos próprios fabricantes das viaturas recorrendo a "standards" internacionais.

Igualmente vantajoso, seria a inclusão de um sistema de recepção de video-chamdas, cada vez mais populares devido à disseminação dos telemóveis de 3ª geração, e que permitiria uma imagem em tempo real da evolução da situação.

Também a capacidade de receber informação posicional dos "chips" de GPS dos telemóveis, cada vez mais vulgares e que podem ser encaminhados pelos operadores, deve ser contemplada, tal como deveria ser incluido na legislação em vigor, tal como acontece nos Estados Unidos, a obrigatoriedade de os novos telemóveis incluirem um sistema de localização.

Portugal vem assim responder às imposições da União Europeia e ao processo por incumprimento de que foi alvo devido à não localização de chamadas, optando por um sistema novo em vez de tentar recuperar algo que, manifestamente, já pouco tem a melhorar dadas as tecnologias base que servirão para o seu desenvolvimento e que hoje se encontram obsoletas.

É essencial que o novo sistema seja aberto, não proprietário, expansível e modular, preparado para aceitar desafios futuros sem que seja necessário proceder à substituição integral ou se torne numa manta de retalhos, com a lentidão e a ineficiência a dificultar a sua operação.

Também é fundamental que um novo sistema seja devidamente testado e a tentação de o colocar em exploração prematuramente, ditada por razões políticas e económicas, não precipite uma entrada em serviço sem que haja as garantias possíveis de que não irá falhar num momento decisivo.

Um sistema de emergência é um investimento tão dispendioso como essencial, mas só após um estudo cuidado e uma análise não apenas do que de melhor se faz noutros países, mas também do desenvolvimento tecnológico que se verificou desde a sua implementação, é que deve ser adjudicado e implementado, sob pena de poucas melhorias se verificarem relativamente ao modelo actual.

segunda-feira, agosto 27, 2007

Chuva e granizo em fim de semana com poucas ocorrências


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Um incêndio no Verão de 2005

O incêndio que consumiu uma área florestal em Outeiro, concelho de Pombal, desde as 13:42, chegando a ter duas frentes, ficou circunscrito pelas 16:25.

No combate participaram 174 bombeiros, apoiados por 47 viaturas e por dois helicópteros e dois aviões pesados Beriev, tendo sido enviado para o local grupo de reforço de bombeiros do distrito de Santarém.

Este incêndio, que não chegou a colocar em perigo habitações, ocorre no mesmo dia em que a queda de granizo destruiu colheitas e a chuva veio colaborar na extinção e rescaldo dos incêndios que permaneciam activos.

A prevista descida de temperatura e a chuva que ocorreu no passado fim de semana veio dar mais um contributo para que o mês de Agosto seja o que regista um menor número e ocorrências e de área ardida dos últimos anos e permite encarar com optimismo esta última semana do mês mais perigoso em termos de fogos florestais.

Segundo as previsões, nesta próxima semana ainda haverá instabilidade no tempo, sendo que este melhorará em Setembro, altura em que o risco de incêndio irá, previsivelmente, aumentar mas sem atingir os níveis de anos anteriores.

Este Verão contrasta com o de vários países do Sul da Europa, onde as vagas de calor e a seca tiveram como resultado uma enorme devastação e demonstra que a combinação entre factores climáticos e a descontinuidade resultante das áreas ardidas em anos anteriores é decisiva no controle das chamas.

Canadair e equipa portugueses já estão a caminho da Grécia


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Um Canadair francês em acção

A resposta portuguesa ao pedido das autoridades gregas no sentido de enviar meios de combate aos incêndios florestais que assolam aquele país mediterrânico foi o envio de um Canadair, que já está a caminho de Atenas.

Os meios enviados pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), para além do aerotanque, incluem uma equipa de coordenação, composta por um perito em combate a incêndios florestais do Comando Nacional de Operações de Socorro e por um oficial de ligação do Gabinete de Relações Internacionais, para além dos dois pilotos e dois mecânicos da tripulação.

A equipa seguiu pelas 14:30 para a Grécia, e poucas horas depois, pelas 17:55, o Canadair partiu do Centro de Meios Aéreos de Seia com destino à Base Aérea de Elefsis, a cerca de 18 quilómetros de Atenas, ficando durante três dias à disposição das autoridades gregas.

Em Junho passado, Portugal já enviara um Canadair para a Grécia, e no mês seguinte outro seguiu para o Chipre, sendo que este já não chegou a operar devido à situação ter ficado entretanto controlada.

Para além de Portugal, outros países europeus acederam a enviar ajuda para a Grécia, incluindo-se nestes diversos Canadair, quatro franceses, dois italianos, dois espanhóis, a que acrescem seis hidroaviões especializados sérvios.

Em termos de helicópteros, três são provenientes da Alemanha, dois da Suíça, um da Noruega, três da Holanda, um da Roménia e outro da Eslovénia.

Par além dos meios aéreos, a França enviou ainda uma unidade composta por 65 bombeiros, especializados no combate aos incêndios na ilha da Córsega, e o Chipre contribuiu com 60 bombeiros e seis camiões-cisterna.

A gravidade da situação vivida da Grécia é demonstrativa do impacto das condições climáticas, bem como da absoluta necessidade de uma aposta decisiva na prevenção, no ordenamento e em políticas de desenvolvimento regional sustentáveis, e reforça a ideia de que, perante uma vaga de incêndios desta dimensão, não há meios de combate suficientes.

A situação na Grécia, bem como noutros países do Sul da Europa onde este anos se verificaram incêndios florestais de extrema gravidade, deve ser acompanhada com atenção, seja por óbvias razões de solidariedade, seja como forma de aprender com a experiência e, porventura, com os erros cometidos, de modo a que estes não se repitam.

domingo, agosto 26, 2007

46 mortos nos incêndios na Grécia em apenas 2 dias


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Um dos mais de 200 incêndios simultâneos

Os fogos na Grécia já causaram a morte de 46 pessoas em apenas dois dias, receando-se que este número aumente dado que várias localidades estão cercadas pelas chamas e diversas pessoas continuam desaparecidas.

O número de incêndios é de tal forma elevado que já não existem meios para responder a todos os pedidos, não obstante já terem começado a chegar reforços de países da União Europeia que responderam aos apelos do Governo grego.

Mesmo junto da capital, Atenas, continuam incêndios fora de controle, obrigando ao corte da estrada que liga o aeroporto à cidade que se encontra coberta de cinzas.

Os fortes ventos e altas temperaturas, superiores a 40º, bem como uma tempestade que impediu os meios aéreos de actuar, têm dificultado o combate aos incêndios, que continuam a evoluir com rapidez e imprevisibilidade apanhando vítimas que se vêm impossibilitadas de fugir das chamas.

Também a seca e actos criminosos têm contribuido para esta tragédia humana e para o desastre ecológico que se vive nesta zona do Mediterrâneo.

Este é o ano em que se verificaram mais incêndios florestais na Grécia, com mais de 100.000 hectares ardidos e zonas, como o sul da Península do Peloponeso a serem classificadas pela imprensa como "crematórios".

A influência das condições climáticas, potenciadas pelas alterações que se têm vindo a verificar, têm sido o factor decisivo, contando ainda com o contributo oportunista de criminosos que aproveitam a confusão instalada para aumentar o número de ocorrências, o qual ultrapassa o limite das capacidades de resposta do dispositivo de Protecção Civil grego.

A actual situação de colapso, resultante do esforço demasiado prolongado e da impossibilidade de acorrer a todas as situações e de consolidar as extinções, que rapidamente reacendem, exemplificam o que pode acontecer num País cuja preparação para estas eventualidades não é inferior ao nosso.

Se após o desencadear desta situação, o controle é difícil e será sempre feito a um custo demasiado elevado, percebe-se que a aposta principal tem que ser no ordenamento do território e na prevenção, mesmo que para tal seja necessário sacrificar outros meios ou recursos, inclusivé a nível do próprio combate.

Entre nós, a aposta tem sido essencialmente em meios de combate, mas tudo o que diz respeito às formas de evitar que uma situação semelhante à vivida na Grécia possa vir a ocorrer, tem tido uma muito pequena atenção por parte dos responsáveis políticos e da própria comunicação social, mais interessada na espectacularidade do combate contra as chamas do que no discreto, persistente e eficaz trabalho de prevenção.

Sem um trabalho de ordenamento e de prevenção, sem desenvolvimento regional e solidariedade nacional, não há meios de combate capazes de enfrentar o que hoje se passa na Grécia, sendo que tal devia fazer reflectir os decisores políticos e levá-los a adoptar as medidas necessárias para prevenir situações semelhantes que dependem, sobretudo, de condições climáticas incontroláveis.